Queimadas, desenvolvimento e bom senso

Artigo do Senador Eduardo Braga para Folha de São Paulo

Está na hora de o Brasil entender que a floresta é solução, e não um problema

Está faltando bom senso ao debate sobre a Amazônia. Paixões ideológicas e ambientais, acusações infundadas, troca de farpas entre chefes de Estado e embates marcados pelo radicalismo nas redes sociais jogam ainda mais lenha na fogueira que insiste em queimar a floresta e a imagem do Brasil no exterior. Pior: a falta de equilíbrio nessa discussão coloca em segundo plano os interesses dos povos da Amazônia e a própria soberania nacional.

Se é inquestionável a necessidade de apertar a fiscalização e conter o avanço alarmante das queimadas e do desmatamento, também é preciso entender que a Amazônia não é um santuário. Meio ambiente é a relação entre o homem e a natureza. Índios, caboclos e ribeirinhos têm direito, como qualquer cidadão brasileiro, aos avanços trazidos pelo desenvolvimento econômico.

Nós, da Amazônia, queremos ter o pacto federativo resgatado. Não podemos ser penalizados pela precariedade de uma rodovia estratégica como a BR-319, cujas promessas de pavimentação têm sido atropeladas há anos pela burocracia ligada a questões ambientais. Não podemos ter impedido o acesso a uma linha de transmissão energética que interligue Boa Vista (RR) a Tucuruí, (PA) passando por Manaus. Não podemos ser proibidos de ter perspectivas de melhoria de vida, de emprego e de renda.

Deter a devastação da maior floresta tropical do mundo não é fechar as portas para o crescimento econômico. Pelo contrário. Preservação e desenvolvimento sustentável caminham lado a lado. Para isso, é fundamental valorizar mecanismos de desenvolvimento regional, como a Zona Franca de Manaus, que fomenta a geração de empregos, alimenta a economia e protege a floresta ao criar alternativas de trabalho e renda mais lucrativas que atividades depredatórias.

A comoção internacional é compreensível diante da ameaça do aquecimento global e da importância da floresta amazônica como reguladora do clima no planeta. Posições extremadas, no entanto, dão margem a propostas descabidas, como a internacionalização da Amazônia. Temos, sim, que apertar a fiscalização e impor tolerância zero a crimes ambientais. Mas a Amazônia brasileira é e precisa continuar a ser nossa. Soberania é um dos princípios fundamentais da nossa República Federativa.

Vale lembrar que, sem a Amazônia, não teríamos o ritmo hidrológico que o Brasil tem. Não haveria hidrelétricas nem agronegócio. O agronegócio, aliás, está na mira de um desastre sem precedentes se não houver um freio no extremismo que vem carimbando o Brasil como vilão ambiental. Quem ganha e quem perde com eventuais retaliações comerciais ao nosso país?

A arrogância, entretanto, não é boa conselheira. Precisamos ter humildade para aceitar a ajuda internacional. As doações dos países desenvolvidos são bem-vindas para controlar as queimadas e apertar a fiscalização ambiental. Os arranhões diplomáticos gerados pelo injustificável desmonte do Fundo Amazônia têm que ser contornados. Não dá para abrir mão de recursos bilionários, a fundo perdido, enquanto patinamos numa crise fiscal que nos faz contar trocados na preservação do meio ambiente —e  em tantas outras áreas.

Se os Estados Unidos estão de fato tão proativos com o Brasil, por que não criam, de uma vez por todas, um mecanismo de remuneração pelos serviços ambientais que a floresta presta? O dinheiro poderia ser usado para valorizar o homem e a mulher que vivem na Amazônia e que são os verdadeiros guardiões do nosso maior patrimônio.

Está na hora de o Brasil entender que a Amazônia não é um problema. É uma solução. Está na hora de traçar o limite entre indignação e radicalismo, entre críticas construtivas e destempero verbal e diplomático, a justa comoção pelo avanço das queimadas e os interesses não revelados dos que fazem discursos inflamados sem conhecer de perto a realidade da região.

Equilíbrio, bom senso, firmeza e vontade política, tecnologia e inovação – esse é o caminho.

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