‘Reciprocidade vem desde Roma’, diz Moreira Franco sobre busca por votos para Reforma da Previdência

Brasília (DF) – Um dos mais próximos aliados do presidente Michel Temer, o ministro Moreira Franco guarda no bolso uma lista dos problemas que mais afligem o governo: todos temas da agenda econômica. No comando da Secretaria-Geral da Presidência, ele admite que a base do governo está menor, mas que existe a chance de montar uma candidatura que represente o governo e seu aliados. Ele diz ainda que, se não for aprovada, a reforma da Previdência “será a pauta do debate eleitoral”. Sobre as declarações do ministro Carlos Marun, que admitiu negociar empréstimos da Caixa em troca de votos a favor da proposta, Moreira diz que houve má interpretação, mas que a “reciprocidade” acontece desde o Império Romano.

PREVIDÊNCIA NA CAMPANHA

A vida continua (se a reforma não passar), o Congresso continua aberto, ainda há coisas que precisam e serão feitas. Qual a consequência de aprovar a Previdência? A eleição vai se dar como uma pauta totalmente distinta porque vamos discutir qual o futuro da economia brasileira, porque política no Brasil é economia. Se a Previdência não for aprovada, será a pauta do debate eleitoral. A pergunta a ser colocada para os candidatos será qual é a sua posição sobre a Previdência porque as pessoas querem receber suas aposentadorias.

NEGOCIAÇÕES DE VOTOS PARA A REFORMA

Se você vai a Roma, verá que, nessas negociações, sempre se fala na reciprocidade, no Império Romano. Se você ler o livro que gerou até um filme sobre o Abraham Lincoln, no fim da escravidão, vai ver que, respeitando as mudanças culturais da época, você vê negociações, que as pessoas conversam. Aí você vê com naturalidade que essas coisas ocorrem. Evidentemente que o método depende muito do temperamento. Eu creio que, no caso do ministro (Carlos) Marun, o excesso foi fruto de uma má interpretação.

TAMANHO DA BASE

Comparativamente, é evidente que a base está menor, existem mais dificuldades hoje do que quando foi feita a primeira denúncia. Isso é visível a olho nu. Por outro lado, o compromisso público do governo com a lealdade aos que têm dito que apoiam a reforma, que fecham questão, é presente. O governo entende que é preferível fazer a reforma agora do que você levar o país a perder dois anos.

PREVIDÊNCIA E LOBBY

Hoje a reforma não é mais questão de governo. Existe um risco objetivo de os aposentados não terem condições de receber. Nos estados do Rio, do Rio Grande do Sul, os aposentados tiveram seus pagamentos atrasados; Minas Gerais caminha para uma situação idêntica, o Rio Grande do Norte já está nessa situação. Não podemos deixar que isso ocorra no plano federal.Há consciência de que não é possível construir uma sociedade com igualdade de oportunidades com um sistema montado em cima de privilégios. Os servidores estão fazendo lobby no Congresso, fazendo anúncio em televisão, no rádio. Eles são fortes porque conseguiram capturar os núcleos de mais importantes da administração pública. Mas não vamos ceder.

CONCESSÕES

A pressão partidária (do PR) dificultou a realização dos estudos para a concessão do aeroporto de Congonhas, que é complexo. Para fazer a modelagem, você precisa da Infraero, detentora do aeroporto, que manisfestou interesse contrário. Com isso, não iríamos conseguir fazer ainda este ano.

REABERTURA DA PAMPULHA

O Tribunal de Contas da União disse que não pode. Desde o início nós sabíamos que não podia ser feito. Temos que entender que existe uma tradição no Brasil que é o respeito ao contrato. A portaria está suspensa. Não vai haver voo lá. Estou sendo transparente. Mas eu não condeno aqueles que tem uma posição divergente porque acho que na vida democrática é fundamental o contraditório.

REFORMA MINISTERIAL

Isso precisa ser feito porque é necessário que o novo titular fique um tempo adequado para se organizar e dar continuidade às ações do Ministério. Mas depende dos ministros. O tempo na política não é definido nem pelo calendário e nem pelo relógio. Há pessoas que têm mais traquejo, mas presença, mais experiência. Como dizia um amigo meu, está rodando bolsinha na rua há muitos anos e, portanto, têm mais facilidade. Do ponto de vista eleitoral, evidentemente, aqueles que não têm experiência precisam de mais tempo para organizar suas candidaturas.

TITULAR DO MDIC

Isso é uma conversa política que ainda houve. Mas a tendência é que o Ministério continue com o PRB.

CANDIDATO ÚNICO DA BASE

Nós fizemos uma primeira reunião, em que estavam os presidentes de partidos, do PR, do PRB, do PSD, do PTB, e o Rodrigo Maia que representava o DEM. Segundo os cálculos a grosso modo, aquele núcleo tem um potencial de eleição de algo em torno de 300 deputados federais. E creio que, se não a metade, um pouco mais, um pouco menos da metade do tempo de televisão.Se essas forças se unem, se nós conseguirmos ter um programa de governo comum e tivermos a possibilidade de um candidato… e esse candidato não pode ser imposto, tem que ter a naturalidade da sua capacidade de convencimento, de confiança para que possa representar esse conjunto. Eu creio que há possibilidade de termos candidato.Nas conversas que tenho tido com o presidente e outros companheiros, essa questão eleitoral não entrou ainda na nossa pauta. Nós estamos todos mobilizados para a Previdência. E pela razão que eu falei, porque na campanha, quem vai definir o rumo da prosa é a Previdência.

APOIO A NOME DO PSDB

Eu não trabalho com achismo, trabalho com fatos. Esse é o fato, o Alckmin não estava na reunião. Nem poderia (ele ainda não era presidente do PSDB). Mas o PSDB não estava nessa reunião.

TEMER CANDIDATO

Não é a intenção, não creio. Mas a eleição não está ainda na nossa agenda.

SEMIPRESIDENCIALISMO

Pelo relógio e pela folhinha, poderia prosperar (ainda no governo Temer). Acho que temos que caminhar para isso. No fato não tem desejo. Se a política permitir, vai se fazer. No calendário e no relógio tem tempo para fazer.É claro que isso vai ter que passar por um processo educativo, vai ter que se discutir com a sociedade, mas essa decisão se toma por quem tem legitimidade para tomar, e o Congresso tem essa legitimidade.

LAVA-JATO

Neste governo eu não vejo nenhuma manifestação objetiva, nenhuma atitude política, nenhuma atitude institucional do governo no sentido de inibir a atuação da Lava-Jato. Não vejo.

INDULTO DE NATAL

As pessoas estão mobilizadas para a politização, para o conflito, confundem divergências políticas com o ambiente institucional e legal. A Lava-Jato é muito boa, mas essa confusão de você trazer para a disputa política pontos de natureza judicial não é bom, porque são mundos distintos. As regras do mundo judicial existem para dar equilíbrio, a imagem da justiça no mundo todo é de alguém que está lá para cumprir a lei, o que está escrito, não o que é interpretado. Neste fato do indulto, que é uma ação humanitária, praticada no mundo todo, eu vi um excesso de politização.

QUADRILHÃO DO PMDB

Eu nunca tive nada, absolutamente nada, não iria ficar praticando o indevido a esta altura da minha vida. E a leitura minuciosa feita pelos meus advogados do que foi dito pelos delatores dão a garantia de que do ponto de vista legal não tem nada. E a minha consciência do que eu fiz me dá segurança de dizer que o que está dito ali, da maneira que está, são insinuações. Tanto que uma delas é de que eu teria pedido numa reunião R$ 4 milhões, e esse dinheiro foi cobrado por outra pessoa em uma época distinta, ou seja, não me foi passado.

Geralda Doca, Leticia Fernandes e Paulo Celso Pereira (O GLOBO)

Entrevista publicada no jornal O GLOBO – em 05 de janeiro de 2018

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